O que a ciência psicodélica pode aprender com a 5ª Conferência Indígena da Ayahuasca?
- Nathan Fernandes
- 9 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: há 5 horas

A 5ª Conferência Indígena da Ayahuasca foi marcada pelo encontro de diversos tipos de conhecimentos, incluindo os saberes de 34 etnias do Brasil (e de outros sete países) e a inteligência artificial.
O evento aconteceu entre 25 a 30 de janeiro de 2025, na Aldeia Sagrada, do Povo Yawanawá, às margens do rio Gregório, no Acre.
Entre os temas de destaque, a apropriação da ayahuasca pela ciência recebeu atenção especial. Uma pesquisa apresentada revelou a existência de 543 pedidos de patente relacionados à ayahuasca no mundo até maio de 2024. Outro caso discutido foi o da empresa canadense Filament Health, que, em dezembro de 2022, anunciou o desenvolvimento de uma pílula de ayahuasca, combinando extratos vegetais da chacrona e do cipó amazônico.
“Ficou evidente que o estranhamento entre indígenas e pesquisadores têm dificultado o diálogo, a troca de informações comprováveis e a solução de conflitos pendentes, alguns fundados em mal-entendidos”, escreveu o jornalista Marcelo Leite, em reportagem da Folha de S.Paulo.

No site Brasil de Fato, a jornalista Caroline Apple escreveu sobre como o povo Yawanawá, anfitrião da conferência, tem utilizado a tecnologia para financiar suas demandas, mostrando que a dificuldade de diálogo com a ciência talvez não esteja no confronto com a modernidade, mas na arrogância de alguns cientistas.
A estrutura milionária da aldeia, projetada pelo arquiteto Marcelo Rosenbaum, foi financiada pela venda de NFTs, fruto da parceria entre os Yawanawá e o artista turco Refik Anadol.
Para que a ciência psicodélica evolua de forma ética e sustentável, é essencial que o diálogo com os guardiões tradicionais da ayahuasca seja construído com respeito, transparência e reciprocidade.
O exemplo dos Yawanawá mostra que a tecnologia pode ser uma aliada na valorização das culturas indígenas. Assim, a principal lição que a ciência psicodélica pode tirar da conferência é que o verdadeiro avanço não está apenas na inovação laboratorial, mas na capacidade de estabelecer relações justas e equilibradas com aqueles que há séculos preservam o conhecimento sobre essa medicina.
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