Série: Efeitos colaterais
- Flávia Zacouteguy Boos
- 13 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: há 5 horas

“Efeitos Colaterais Comuns” é uma série de animação lançada em fevereiro na Max. Marshall Cuso, micólogo amador e grande conhecedor de medicinas naturais, descobre um cogumelo que é uma verdadeira panaceia: desde curar pessoas com sentenças de morte até retomar a funcionalidade de uma idosa que perdeu a capacidade de interagir com o mundo — convenhamos, o desejo íntimo e ficcional de parte dos cientistas e de todes nós, cidadãos.
O cogumelo azul da série faz alusão aos cogumelos com psilocibina, substância psicodélica que reage com o oxigênio e adquire coloração azul. Encontrada em espécies como o Psilocybe cubensis, comum em esterco de vaca, a psilocibina vem sendo estudada no tratamento da depressão resistente.
Marshall, convicto do poder de cura desses cogumelos, quer descobrir o substrato ideal para poder cultivá-los e compartilhar essa medicina com as pessoas. Porém, é constantemente perseguido para que não faça o cultivo nem divulgue esse saber, provavelmente entrando na mira também porque se manifesta publicamente contra uma indústria farmacêutica sem responsabilidade ambiental. Governo, através da polícia, e uma indústria farmacêutica não medem esforços para frear Marshall.
A trama de “Efeitos Colaterais Comuns” aborda o controle sobre substâncias com potencial terapêutico, refletindo o debate sobre a regulamentação dos psicodélicos, que envolve saberes ancestrais, evidências científicas, órgãos regulatórios e interesses da indústria farmacêutica.
Quando — e se — os psicodélicos de origem natural forem regulamentados como tratamento, isso será feito exclusivamente por um modelo farmacêutico? Ou será que o acesso poderá ser também democratizado através de conhecimentos tradicionais, como nos rituais indígenas de ayahuasca, e pelo cultivo individual de cogumelos, por exemplo?
Essas são questões em aberto e em disputa, que a série “Efeitos Colaterais Comuns” nos convida a refletir.
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