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É possível falar de um uso tradicional de cogumelos mágicos na África?

  • Foto do escritor: Iago Lôbo
    Iago Lôbo
  • há 15 horas
  • 2 min de leitura
Imagem: Reprodução
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Um artigo — publicado pela equipe do pesquisador Alexander Bradshaw, da Universidade Clark, em Massachusetts, na bioRxiv — alega o descobrimento de uma nova espécie de cogumelo do gênero Psilocybe, que contém o psicodélico psilocibina. Depois de revisada por outros cientistas, o Psilocybe ochraceocentrata estará entre as mais de 200 espécies de cogumelos com psilocibina reconhecidas pela ciência.


Os exemplares de P. ochraceocentrata pesquisados foram coletados entre os anos de 2013 e 2022 em vários locais do Zimbábue e África do Sul. A leitura do código genético indica que a espécie compartilha um ancestral comum com o P. cubensis que viveu há mais de 1,5 milhão de anos; os pesquisadores acreditam ainda que esta espécie ancestral pode ter migrado da África para as Américas com os bisões, antes da chegada dos humanos.


O nome da nova espécie faz referência à sua coloração ocre, mas pode já ter recebido outros nomes anteriormente. Os pesquisadores acreditam que a espécie era confundida com o P. natalensis, popularmente conhecido na região como “Natal Super Strength”.


Esta descoberta vem na sequência de duas outras espécies reconhecidas pela ciência em 2024 na região do sul da África: o P. ingeli, descoberto pelo autodidata Talan Moult, nas montadas da província de KwaZulu-Natal, na África do Sul; e o P. maluti, utilizado tradicionalmente pela etnia sul-africana Basotho em cerimônias espirituais, que o chamam de koae-ea-lekhoaba. 


Para além do registro oral e algumas etnias, estas descobertas reforçam as escassas evidências arqueológicas de uso tradicional de cogumelos no continente africano. 


O registro mais antigo conhecido destas tradições são desenhos feitos em paredes de cavernas no sítio arqueológico de Tassili n’Ajjer, na Argélia. Nelas está o famoso desenho do “xamã cogumelo com cara de abelha”, como chamado por Terence McKenna, datado entre 7000 e 5000 a.C. “Há tanta coisa acontecendo na pesquisa com fungos, não importa para onde você olhe”, disse Alexander Bradshaw. “Seja observando-os em um nível macroscópico ou estudando sua diversidade química, sabemos muito pouco sobre eles em comparação com muitos outros organismos.”


Referências:


  1. Artigo "Psilocybe cubensis in Africa”, publicado como pre-print em 07/12/24.

  2. Artigo “A description of two novel Psilocybe species from southern Africa and some notes on African traditional hallucionogenic mushroom use”, publicado em 02/07/24.  

  3. Reportagem “Cogumelos alucinógenos eram usados para cura espiritual na África há 8 mil anos”, publicada no Correio Braziliense, em 03/07/24.  

  4. Reportagem “Novas espécies de cogumelos são descobertas na África”, publicada no Sechat em 05/09/2024.

  5. Reportagem "'Cogumelos mágicos' da África é espécie completamente nova para a ciência”, publicado na revista Casa e Jardim, em 03/03/25.

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